Iniciar o processo de inclusão de cerca de 1,1 milhão de agricultores
familiares em desenvolvimento no Programa Mais Alimentos. Para o
ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, este é o grande
desafio da linha de crédito do governo federal para investimento criada
há cinco anos para mecanizar e levar tecnologia às propriedades rurais
familiares. Na manhã desta sexta-feira (19), o ministro abriu o
Seminário de Planejamento Estratégico promovido pela Câmara Setorial de
Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), da Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em Ribeirão Preto (SP).
Pepe abordou o tema Oportunidades do Programa Mais Alimentos para o
Setor Brasileiro de Máquinas e Equipamentos e destacou a linha de
crédito como um programa que tem foco no aumento da produtividade e da
renda dos agricultores familiares associado ao desenvolvimento da
indústria de máquinas e implementos do País.
Na apresentação, o ministro citou a segmentação do setor, no qual
existe o que chamou de um público de agricultores familiares mais
dinâmicos, que engloba cerca de 300 mil agricultores que já têm acesso à
mecanização. Pepe reiterou que cerca de 1,1 milhão de agricultores
familiares ainda estão em desenvolvimento e que, em sua maioria, não têm
acesso à tecnologia. “O nosso desafio é possibilitar que esses
agricultores possam financiar suas máquinas por meio do Mais Alimentos
para aumentar a produtividade e a renda e melhorar a qualidade de vida
dessas famílias”, pontuou.
Pepe atribuiu às taxas de juros de 2% ao ano, com até dez anos para
pagar, um dos principais atrativos do programa. O ministro ressaltou
que a agricultura familiar produz a maioria dos alimentos consumidos no
País, em apenas 24,3% da área, além de ser responsável por cerca de 28%
das exportações do setor agropecuário brasileiro. “Temos uma agricultura
que produz alimentos de qualidade e que é um público muito importante
para a indústria de máquinas e implementos do nosso país”, assegurou.
Para ilustrar a participação da agricultura familiar no setor
agropecuário, o ministro lembrou que 84% dos estabelecimentos rurais
brasileiros são de agricultores que produzem em imóveis rurais com a até
quatro módulos fiscais e que utilizam a mão de obra predominantemente
familiar.
Políticas públicas
O ministro Pepe Vargas mencionou o crédito, associado à
assistência técnica e outras políticas públicas de compras
governamentais e de seguro, como balizadores do crescimento da produção
agrícola familiar nos últimos dez anos. Pepe mostrou que o volume de
recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf) passou de R$ 3,9 bilhões, na safra 2002/2003, para R$ 18
bilhões, na safra 2012/2013. “O nosso desafio é contratar todo esse
volume e, se precisar, o governo garantiu que disponibilizará mais
recursos”, disse.
Desde 2008, entre cerca de 3,6 mil itens, o Mais Alimentos
financiou mais de R$ 9,5 bilhões, beneficiando cerca de 200 mil
agricultores, e possibilitou a compra de mais de 48 mil tratores, 4,3
mil caminhões, mais de 500 colheitadeiras e de mais de dez mil
ordenhadeiras.
O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas
(CSMIA), Celso Casale, declarou que a participação do MDA no seminário é
importante para que o setor conheça mais sobre o programa Mais
Alimentos. “Vejo nesse programa um grande potencial de crescimento
ligado ao aumento da mecanização nas propriedades rurais familiares”,
disse.
Mais Alimentos em feiras
Pepe Vargas afirmou que entre as estratégias para a retomada do
crescimento do número de contratos pelo Mais Alimentos está o reforço na
participação em feiras do setor agropecuário em todas as regiões do
Brasil. Somente neste ano, o programa foi responsável por um volume de
R$ 154 milhões em negócios fechados durante a Expointer, realizada em
Esteio (RS), e de R$ 50 milhões na Agrishow, de Ribeirão Preto (SP).
Durante a 1ª Rondônia Rural Show, realizada no mês de maio, a linha
de crédito foi responsável por mais de mil propostas de financiamento, o
que corresponde a cerca de R$ 55 milhões em negócios fechados durante e
após a feira. As propostas encaminharam a compra de 351 tratores, 80
caminhões, 20 microtratores e de mais 400 itens, entre máquinas e
implementos.
Mais Alimentos Internacional
Na palestra na manhã desta sexta-feira, o ministro também
informou que as primeiras máquinas financiadas pelo Mais Alimentos
Internacional devem embarcar até o final do ano para Cuba. Pepe
explicou, que devido ao pioneirismo da ação, foram necessárias etapas
que envolveram negociações com o setor privado e outros órgãos do
governo.
O Mais Alimentos Internacional foi criado em 2010, a princípio como
Mais Alimentos África. Atualmente, quatro países têm acordo firmado com
o Brasil: Zimbábue, Moçambique, Gana e Cuba. O objetivo do programa é
estabelecer uma linha de cooperação técnica que destaca a produção de
alimentos pela agricultura familiar como caminho para segurança
alimentar e nutricional dos países participantes.
Aliada à cooperação técnica, a ação prevê o financiamento de
tecnologia adaptada às realidades socioambientais da agricultura
familiar local, como forma de ampliar a produção e a produtividade dos
estabelecimentos rurais familiares.
“Quando a última árvore for derrubada, quando o último rio for envenenado, quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro não se come”. Provérbio Indígena
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