A fim de envolver o assentado no controle da conservação e
preservação ambiental, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) na Bahia está implantando Núcleos de Gestão Ambiental
(NGAs). No total já existem 217 núcleos, desde 2011, em assentamentos
onde vivem 14,5 mil famílias. A intenção do Incra é atingir 356 núcleos
até dezembro de 2012.
Com a implantação dos núcleos, o Instituto se antecipa e cria
mecanismo exigido pelo órgão ambiental do estado para a manutenção das
licenças ambientais em áreas de reforma agrária. Além disso, garante que
3,4 mil famílias que assinaram o termo de adesão ao Programa de Apoio à
Conservação Ambiental, o Bolsa Verde, do Plano Brasil Sem Miséria
(PBSM), atendam as condicionantes práticas de conservação ambiental,
exigidas pelo Plano.
O superintendente regional do Incra/BA, Marcos Nery, destaca que
uma das prioridades da gestão é conscientizar as famílias sobre a
importância da preservação e conservação dos recursos naturais e do meio
ambiente. “Temos diversos exemplos de que a produção da agricultura
familiar pode se consolidar em harmonia com a conservação ambiental”,
defende. A maioria dos núcleos está situada nos territórios de
identidade do Baixo Sul e Litoral Sul, regiões de predominância de
remanescente de Mata Atlântica.
Criação
O funcionamento do NGA é simples e busca o envolvimento
participativo dos membros de forma constante. A articuladora da
Assessoria Técnica do Incra, Gleise Melo, bióloga, explica que
profissionais da assessoria técnica fazem assembleias nos assentamentos,
explicando a função e importância do núcleo e apresentando o
regulamento. “Com a aprovação da maioria, o núcleo é implantado. A
quantidade de membros depende do tamanho do assentamento, mas fica em
torno de dez participantes”, explica.
A partir daí, Gleise conta que os técnicos fazem capacitações sobre
a temática ambiental e desenvolvem ações em prol do meio ambiente. “É
essencial a compreensão de que a preservação e conservação dos recursos
naturais e do meio ambiente é algo contínuo”, lembra a bióloga.
Exemplo
A criação do NGA do assentamento Nova Vitória, em Ilhéus, no
Litoral Sul, ocorrida neste ano, teve a participação de representantes
do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), do governo do
estado, e da Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental
(Cippa), de Ilhéus. Lá foram ministradas palestras sobre uso e
reaproveitamento de madeira morta, legislação para crimes ambientais e
limpeza adequada em áreas para cultivo.
A articuladora enfatiza que os profissionais de assessoria técnica
estão escrevendo projetos para editais de apoio a projetos ambientais
com o intuito de fortalecer os NGAs com equipamentos. O NGA do Nova
Vitória, por exemplo, integra um projeto inscrito pelos técnicos do
Incra de Ilhéus e Itabuna para o edital Desenvolvimento e Cidadania
Petrobrás.
Gestão sustentável
Segundo Gleise, os NGAs têm o papel de consolidar, por meio do
planejamento, a gestão sustentável dos recursos naturais. A articuladora
exemplifica a preservação de matas ciliares e recuperação de Áreas de
Preservação Permanentes (APPs) como ações que serão desenvolvidas pelos
núcleos
A assessoria técnica do Incra/BA é executada por intermédio da
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão do governo do
estado, por meio de 49 núcleos operacionais. Já a articulação dos
técnicos da assessoria é prestada pela Fundação Juazeirense para o
Desenvolvimento Científico e Tecnológico do São Francisco (Fundesf).
“Quando a última árvore for derrubada, quando o último rio for envenenado, quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro não se come”. Provérbio Indígena
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