Um dos principais custos de sistemas de produção é o descarte de vacas,
uma vez que o custo do animal de reposição e demais prejuízos (genético e
produção de leite) é apenas parcialmente coberto pelo valor do animal
descartado. O custo médio dos animais de reposição é de cerca de 20% dos
custos operacionais totais, dependendo do rebanho. No entanto, do ponto
de vista de um produtor a decisão de descartar uma vaca deve levar em
conta as seguintes questões: a) é mais lucrativo manter a vaca ou não
no rebanho? b) é recomendável manter a vaca no rebanho do ponto de vista
sanitário?
Prejuízos causados por vacas com mastite crônica
• Vacas com mastite crônica apresentam baixa taxa de cura
• Para reduzir o número de vacas com mastite crônica, a prevenção dos novos casos de mastite é fundamental
• Reduzir os casos de mastite crônica é geralmente caro, pois o
tratamento tem baixa taxa de cura, a secagem permanente do quarto
resulta em desvalorização do animal e o descarte implica em elevado
custo.
Dentre as várias recomendações para manter uma produção de leite
economicamente viável, o descarte de vacas-problema é uma medida que
pode afetar diretamente a produção e pode ter grande impacto sobre a
sanidade de todo o rebanho. O descarte pode ser uma das medidas de
manejo mais indicadas para vacas com mastite crônica em termos de
custo:benefício, uma vez que a manutenção da vaca no rebanho tem altos
custos de perdas de produção e tratamentos, além do risco de transmissão
do agente causador da mastite para as vacas sadias. Por outro lado, o
descarte de vacas de um rebanho é considerado uma estratégia cara, uma
vez que o valor da vaca para descarte é geralmente baixo e o preço de um
animal de reposição é normalmente alto. No entanto, para que o descarte
apresente resultados econômicos e de redução de vacas com mastite, é
necessário que as medidas de prevenção sejam implantadas de forma
eficiente. Deve-se ressaltar que somente o descarte não é a única medida
para o controle da mastite, uma vez que as medidas de prevenção são
fundamentais para a redução de novas infecções intramamárias.
O termo mastite crônica é usado quando uma vaca apresenta caso de
mastite com baixa chance de cura com tratamento, longa duração, ou
quando um quarto mamário apresenta recorrência de mastite clínica e
quando uma infecção inicia-se em uma lactação e persiste até a lactação
seguinte. Não existe uma única definição para a mastite crônica. Por
exemplo, pode-se considerar mastite subclínica crônica quando uma vaca
apresenta CCS > 300.000 células/ml por pelo menos 2 meses
consecutivos. Rebanhos com mais de 10% de vacas com mastite crônica
apresentam necessidade de melhoria em termos de controle.
Quando os resultados de CCS individual de dois meses consecutivos estão
disponíveis para um determinado rebanho, pode-se criar um gráfico de
dispersão, distribuindo esses resultados de acordo com a figura 1. As
vacas com novas infecções são aquelas que apresentaram baixa CCS no mês
anterior e que no mês seguinte têm elevada CCS (exemplo acima de 200.000
cel/ml). As vacas com mastite crônica são as que por dois meses
consecutivos apresentaram CCS elevada (p.ex. EL > 4,5). A soma das
novas infecções e das infecções crônicas representa o total de vacas com
mastite subclínica do rebanho.
Figura 1 – Distribuição do escore linear (EL) do mês anterior versus o EL do mês atual (Fonte: Clínica do Leite-ESALQ-USP).
O descarte de vacas é uma das medidas mais eficientes para eliminar
vacas com mastite crônica. Em termos práticos, não há uma justificativa
consistente para a manutenção no rebanho de vacas com CCS
persistentemente alta, casos recorrentes de mastite clínica e infecções
persistentes, mesmo após o tratamento de vaca seca. Vacas nestas
condições são reservatórios de agentes contagiosos (ex., Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae),
os quais podem ser transmitidos para as vacas sadias. Dentre as
principais medidas de controle e prevenção de mastite, o descarte de
vacas com mastite crônica é um dos fundamentos de um programa de
controle. Vacas com alta CCS por mais de dois meses consecutivos e que
persistem com a mastite entre duas lactações são candidatas
preferenciais ao descarte. Da mesma forma, vacas cujo período de
descarte do leite tenha sido de mais de 30 dias em uma lactação ou que
tenham mais de três casos de mastite clínica na lactação devem ser
consideradas para o descarte. Quando a vaca apresenta um caso de mastite
crônica em apenas um quarto mamário, uma das medidas de manejo que
podem ser usadas é a secagem permanente do quarto. Isto permite a
manutenção de uma vaca que apresenta mastite crônica por mais tempo no
rebanho e reduz a chance de transmissão entre vacas.
Em rebanhos leiteiros de alta produção, as principais causas de descarte
de vacas são: baixa produção de leite, problemas reprodutivos, mastite e
outros problemas de úbere, problemas de casco e de locomoção e outros
problemas de saúde. Em um estudo brasileiro, a mastite e outras
alterações da saúde da glândula mamária foram responsáveis por cerca de
17% dos casos descartes em rebanhos leiteiros das raças Holandesa e
Girolando. No mesmo estudo, os problemas reprodutivos foram a causa de
cerca de 13% dos descartes e as enfermidades do sistema locomotor
totalizaram 13%. Em rebanhos norte-americanos, a taxa de descarte anual
pode atingir de 30 a 35% das vacas em lactação e a mastite é responsável
por cerca de 15% do total de descartes. As demais causas de descarte em
rebanhos norte-americanos são: baixa produção (11%), problemas
reprodutivos (17%), doenças diversas (24%), problemas de locomoção (9%) e
morte por causas diversas (15%). Como se pode notar, a mastite é
indiscutivelmente uma importante causa do descarte de vacas, o que
significa que os critérios para o descarte destes animais podem ser
ferramentas importantes no controle da mastite.
As vacas com mastite crônica (vacas com infecção persistente da glândula
mamária por mais de dois meses) funcionam como verdadeiros
reservatórios de agentes causadores de mastite e desta maneira, podem
transmitir estes agentes para animais sadios. Os principais agentes que
podem ser transmitidos de vacas infectadas para vacas sadias são: Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus,
entre outros. Para obtenção de êxito no controle destes agentes
contagiosos devem ser implementadas medidas visando a eliminação de
infecções existentes, além de esforços para a prevenção da ocorrência de
casos novos, sendo que adicionalmente é recomendável o monitoramento
dos índices de mastite do rebanho ao longo do tempo. Desta forma, o
descarte de vacas com mastite crônica é uma das medidas essenciais para
controle de mastite, pois atua de forma a eliminar infecções existentes
no rebanhos, as quais podem resultar no aumento de novas infecções nos
animais sadios.
O monitoramento de vacas cronicamente infectadas pode ser feito pela da
CCS mensal de cada animal, assim como o acompanhamento do número e
duração dos casos clínicos. Estas vacas com mastite crônica podem
apresentar elevada CCS em meses consecutivos e podem manter uma infecção
mesmo após a secagem e o novo parto. Além disso, vacas que não
respondem ao tratamento durante a lactação por mais de 3-4 seqüências de
tratamentos e que não respondem ao tratamento de vaca seca representam
elevado custo e devem ser descartada descartadas.
A idade da vaca é um fator complicador a ser considerado quanto ao
descarte, visto que à medida que aumenta a idade do animal menor é a
chance de cura de infecções causadas por S. aureus. Vacas com mais de
dois casos de mastite clínica durante uma lactação apresentam grande
redução na produção de leite, além de necessitarem do descarte de leite
com resíduos de antibióticos até o final do período de carência,
resultando em grande prejuízo. Em termos práticos, podemos resumir as
principais características de vacas com mastite crônica, que podem ser
selecionadas para o descarte, devendo-se ainda levar em consideração
outros fatores adicionais:
• Vacas adultas com baixa produção, na qual a receita do leite produzido não cobre o custo da alimentação.
• Vacas de primeira lactação com produção > 30% menor que a média do rebanho.
• Vacas com infecções clínicas crônicas, cujos casos de mastite resultam em descarte do leite por mais de 30 dias.
• Vacas com mastite subclínica crônica, apresentando elevadas CCS por
vários meses, e que mesmo passando pelo tratamento de vaca seca mantêm a
infecção após o parto.
É necessário destacar que apenas a implantação de um agressivo programa
de descarte não é garantia de um bom controle de mastite, uma vez que
esta medida atua na eliminação de infecções existentes, sendo então
necessário conjuntamente medidas que objetivam a redução de novas
infecções no rebanho.
Fonte: SANTOS, M. V. Inforleite, p.34 - 36, 2012
“Quando a última árvore for derrubada, quando o último rio for envenenado, quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro não se come”. Provérbio Indígena
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