A agricultura familiar não consegue atender as exigências sanitárias
para comercialização de produtos em escala nacional. Só 2% dos
produtores estão cadastrados no sistema do governo que concede
autorização para que os produtos cheguem aos consumidores de todo o
País, o Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa). A
informação foi divulgada pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário em
audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural, nesta quarta-feira (17).
O coordenador do
Movimento dos Pequenos Agricultores, Valter Israel Silva, defendeu uma
legislação adequada ao pequeno produtor. Ele denunciou que os entraves
impostos para que a produção artesanal não ultrapasse os limites do
município são mais uma barreira comercial do que sanitária e cita um
exemplo de como o produtor burla a legislação. "Como o pessoal vende o
queijo minas artesanal, que é reconhecido pelo Iphan [Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] como patrimônio histórico
nacional? Se deslocando de Minas para São Paulo na madrugada e vendendo
escondido em São Paulo", afirmou Valter.
Ele observou que, assim
como essa situação acontece com um produto que é reconhecido como
patrimônio nacional, algo parecido ocorre com a produção camponesa. "Há
uma perseguição. Está sendo jogada na clandestinidade a produção
camponesa. Essa é a nossa denúncia, a nossa angústia e o desabafo que
estamos fazendo aqui na audiência pública."
Adaptação da legislação
O
próprio governo reconhece a necessidade de adaptar a legislação aos
pequenos produtores. O secretário de Agricultura Familiar do Ministério
de Desenvolvimento Agrário, Valter Bianchini, sugeriu procedimentos mais
simples e menos burocráticos. "As exigências, sejam por portarias ou
por leis, estão muito adequadas à grande agroindústria", ressaltou o
representante ministerial. Segundo Bianchini, são exigidos muitos
equipamentos, muitas vezes os custos não são adequados, além da
necessidade do acompanhamento de um bioquímico.
"Exigem que
aqueles produtos passem por um processo de registro como qualquer
produto de grande escala, isso leva anos, encarece", acrescenta o
secretário de Agricultura Familiar. "Então, os procedimentos da grande
empresa não são adequados à realidade dessas indústrias artesanais."
Negociação com o governo
A
deputada Luci Choinacki (PT-SC), uma das autoras do requerimento para a
audiência pública, abraçou a causa e se comprometeu a negociar com o
governo ajustes na legislação. Segundo a deputada, o que não puder ser
alterado por meio de decretos e portarias, deve ser objeto de um projeto
de lei que ela deve apresentar.
Já o deputado Assis do Couto
(PT-PR) avalia que o conjunto de leis e regulamentos existentes só serve
para promover uma reserva de mercado. Ele sugeriu que fosse estimulada a
adesão dos pequenos agricultores ao Suasa e que fosse editada uma
cartilha explicativa sobre esse sistema de sanidade agropecuária.
As informações são da Agência Câmara, adaptadas pela Equipe AgriPoint.
“Quando a última árvore for derrubada, quando o último rio for envenenado, quando o último peixe for pescado, só então nos daremos conta de que dinheiro não se come”. Provérbio Indígena
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