Tradição, economia e saúde. Agricultoras dos
assentamentos Ramada e Nova Ramada II no município Júlio de Castilho, no
Rio Grande do Sul, participaram, durante um ano, de uma pesquisa que
resgatou a cultura alimentar das famílias. O trabalho foi concluído
neste mês, com um evento em que foram servidos diversos pratos e
expostas as histórias das 19 famílias envolvidas.
A iniciativa foi da Emater do Rio Grande do Sul, que
presta assistência técnica aos assentamentos. A extensionista Marisete
Rockenbach explica que, primeiro, as agricultoras foram estimuladas a
resgatar a história das famílias, montando suas árvores genealógicas. A
lembrança da alimentação dos antepassados levou à comparação com os
hábitos atuais. Depois, foram feitos levantamentos de custo da produção
própria de certos itens e do preço pago para aquisição nos mercados.
A comparação mostrou que a produção própria pode
resultar em até 77% de economia nos itens mais consumidos na região. "E é
mais saudável", enfatiza Juliana dos Santos, assentada há 20 anos. No
lote, ela tem soja, vacas de leite, milho, pastagem. E as "miudezas":
mandioca, batata, verduras. "Tenho carne, leite e legumes em casa",
conta Juliana, que compra no mercado apenas itens como farinha, arroz e
açúcar.
História
Para além da economia, a pesquisa emocionou as assentadas
ao recordar as origens das famílias. "Para mim foi maravilhoso.
Lembramos as coisas de antigamente. Tem coisas que ainda fazemos igual",
afirma Juliana. Com a sogra Bernadete Bellini, ela preparou um macarrão
caseiro com molho de galinha caipira no evento que encerrou a pesquisa,
no dia 18, no salão comunitário do assentamento Ramada.
Mais de 30 variedades de pratos preparados e
produzidos pelas participantes foram apresentados, como bolo de melado,
batata doce assada, nhoque de colher, pão de milho e torta mantuana,
entre outros. Também foram expostos painéis com as receitas, os custos
de produção e do mercado, pratos típicos das famílias e as árvores
genealógicas.
"Foi muito gostoso. Nos reunimos, fizemos as coisas
de antigamente", conta Bernadete Bellini, que resgatou a história dos
avós e pais – parte da família veio da Alemanha, parte da Itália. A
diferença desta geração? "Hoje tem gente que prefere comprar. Nós temos o
costume de plantar, plantamos de tudo. É mais gostoso e não tem
veneno", diz.
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