Alfafa, é uma palavra etimologicamente derivada do espanhol alfalfez, o que, por sua vez, se originou do árabe al-fisfisa e
que significaria “forragem fresca”. É uma leguminosa perene, originária
da Asia Menor, conhecida como a "rainha das forrageiras" e cujo nome
científico é Medicago sativa.
Isso é a teoria que se aprende nos cursos de forragicultura, mas, na prática brasileira da alimentação do gado leiteiro, a alfafa ainda não teve muita chance, apesar de ser um ingrediente de grande valor nas dietas para altas produções leiteiras.
Essa forrageira apresenta alto teor de proteina, minerais e vitaminas, estimula o consumo, em razão de sua palatabilidade e da fibra de alta digestibilidade (baixos teores de FDA e FDN) e propicia a regulação do pH, através de uma peculiar ação intrínseca de tamponamento no rúmen.
Especialmente na fase mais crítica do pós-parto, com balanço energético negativo, a ingestão de, pelo menos, uns dois kg de matéria seca de alfafa, seja na forma fresca, feno ou silagem, ajuda em muito, evitando o uso excessivo de bicarbonato de sódio na dieta .
Pode-se afirmar que, para a vaca leiteira, a alfafa é uma espécie de “concentrado verde” e não é por nada que tornou-se ingrediente indispensável nos famigerados torneios leiteiros. Todo o nutricionista gostaria de poder incluir um feno de alfafa da melhor qualidade nas dietas para os picos de lactação mais desafiadores, mantendo um rúmen saudável e uma vaca produtiva.
Nos rebanhos leiteiros dos EUA, juntamente com a silagem de milho, a alfafa, na forma de silagem, feno ou forragem verde, constitui-se em volumoso de excelência, em função de uma relação custo/benefício que a torna amplamente utilizável naquele país. Apesar de não produzir no inverno das regiões frias do hemisfério norte, a alfafa entra em rotação com a cultura do milho, tornando-se importante sob esse aspecto e como fonte de proteina e fibra funcional para a alimentação animal.
Nos EUA o valor da produção de feno de alfafa alcançou, em 2011, 10,6 bilhões de dólares, apesar de boa parte dos cultivos ser conservada na forma de silagem, ou pastejada, ou fornecida no cocho na forma fresca. Na comercialização, um feno de alfafa de qualidade “bom” seria o do tipo 20-30-40, ou seja, com teores de 20% de proteina bruta (PB), 30% de fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e 40% de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), na matéria seca (MS).
No Brasil, associa-se a alfafa ao forrageamento de cavalos de esporte, onde o custo de alimentação não é tão relevante, enquanto que, para a vaca leiteira, a alfafa ainda é rara e cara, parecendo ser uma cultura que não está conseguindo “pegar” para tal fim. Isso não deixa de ser uma incongruência, já que, para a produção leiteira, existe uma grande necessidade de produzir forrageiras de melhor qualidade.
Segundo a EMBRAPA: "Mundialmente, a cultura da alfafa é mais freqüente nas regiões de clima temperado, onde cobre área estimada em mais de 32 milhões de hectares (ha), distribuída da seguinte maneira: no hemisfério Norte, Estados Unidos com 10.500.000 ha é a maior produção mundial, seguidos pela ex-União Soviética, com 3.300.000 ha, pelo Canadá, com 2.500.000 ha, e pela Itália, com 1.300.000 ha”.
No hemisfério Sul, o maior produtor e o segundo em nível mundial é a Argentina, atualmente, com cerca de 6.000.000 de ha, seguida pela África do Sul, com 300.000 ha, e pelo Peru, com 120.000 ha.
Ainda, de acordo com o texto da Embrapa, “a alfafa foi introduzida no Rio Grande do Sul, a partir do Uruguai e da Argentina, apresentando no País área de, apenas, 26.000 ha, o que não condiz com sua nobreza como planta forrageira. Nesse aspecto, dentre os fatores que ainda dificultam sua expansão, destaca-se o pouco conhecimento, por parte de produtores, das exigências da cultura quanto à fertilidade do solo, do manejo, e das práticas de irrigação, e principalmente a limitada produção de sementes e a inexistência de cultivares adaptadas às principais pragas e doenças, que acompanham a alfafa em todo o mundo.
Apesar de ser uma das forrageiras mais difundidas em países de clima temperado, recentemente, a alfafa tem sido cultivada com sucesso em ambientes tropicais. No Brasil, até 1968, o Rio Grande do Sul respondia por mais de 70% da área cultivada com alfafa, pelo fato de as condições climáticas serem mais favoráveis às cultivares da época. Porém, atualmente, verifica-se aumento da área plantada com alfafa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, em função da crescente implantação de sistemas intensivos de produção com bovinos de leite, o que, conseqüentemente, tem aumentado a demanda por alimentos de alto valor nutritivo.
Por sua vez, diversos trabalhos com alfafa, conduzidos por instituições de pesquisa na região Sudeste, principalmente pela Embrapa (Embrapa Gado de Leite, Coronel Pacheco, MG, e Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP), mostraram que essa planta pode produzir até 20 t de matéria seca/ha/ano, com média de teor de proteína de 25%, que possibilita média de produção de 54 kg de leite/ha/dia, quando utilizada exclusivamente sob pastejo direto, sem adição de concentrados.
Embora essas informações evidenciem o alto potencial forrageiro da alfafa no Brasil, o sucesso dessa cultura depende de outros fatores, que vão desde a escolha da cultivar mais adaptada à região até a adoção de práticas agrícolas que permitam seu estabelecimento e sua persistência, aumentem a produção e melhorem a qualidade da forragem."
Segundo o que consta no link: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/659643/1/Documentos88.pdf
“Um dos obstáculos à expansão da cultura da alfafa no Brasil é a pequena disponibilidade de cultivares adaptadas aos trópicos. A criação de novas cultivares, com essa característica, possibilitará o seu cultivo em diferentes regiões brasileiras, com consequente incremento da produção de forragem de alto valor nutricional.
Atualmente, a Crioula é a única variedade cultivada no Brasil, com boa adaptabilidade e boa estabilidade na região centro-sul. Avanço significativo para viabilizar o cultivo de alfafa nos trópicos será a incorporação ao mercado nacional de variedades resistentes ao glifosato. A incorporação dessa tecnologia ao sistema de produção ampliará o espectro de controle de plantas daninhas e permitirá a utilização de um herbicida de baixo impacto ambiental.”
Então, repetindo: uns seis milhões de hectares de alfafais na Argentina! Em comparação, a área cultivada no Brasil é simplesmente ridícula; atualmente, no RS, apenas uns seis mil hectares. Por que será? Na Região Sul, como de resto no Brasil, a área teria que ser maior, pois a alfafa apresenta uma ampla capacidade de adaptação nos mais variados climas.
Acontece que a grande difusão da alfafa na Argentina, por exemplo, é fruto de mais de 40 anos de pesquisas do INTA no desenvolvimento contínuo de novas variedades, algo que também deveria estar acontecendo no Brasil. Há que se considerar as condições de solos profundos disponíveis na pampa argentina, com sua topografia plana, que são muito favoráveis ao seu cultivo, com registros de produção anual de até 26 t de MS/ha.
Nos EUA, com mais de dez milhões de hectares de alfafa, a pesquisa também não pára, envolvendo empresas públicas e privadas e universidades, atualmente buscando-se variedades com baixos teores de lignina, mais tolerantes às pragas, espécies de Rhizobium que vinguem em solos ácidos com alumínio trocável, cultivares adaptadas a solos salinos, etc., enquanto que a Monsanto obteve, em 2005, a liberação pelo FDA para o plantio da alfafa geneticamente modificada, resistente ao seu herbicida glifosato.
A alfafa requer solos bem drenados, que permitam a penetração de suas raízes até, pelo menos, um metro de profundidade e que tenham correção para um pH superior a 5. Na semeadura o preparo da cama é fundamental, com o solo bem destorroado sem, no entanto, estar excessivamente pulverizado, mas bem nivelado para o correto aprofundamento da semente (0,5 a 1,5 cm).
Um alfafal apresenta-se, após alguns anos, com significativa melhoria das propriedades físicas e químicas do solo, destacando-se o enriquecimento em nitrogênio pela ação simbiótica do rizóbio nas raízes.
Uma curiosidade da época de minha juventude (já faz tempo): lembro-me do 7 de Setembro, quando, por ocasião do desfile militar, as ruas do centro de minha terra natal (Ijuí, RS) ficavam atulhadas de bosta de cavalo Percheron, usado na tração do equipamento de artilharia. Nos muitos quartéis locados ao longo da fronteira com a Argentina, o alimento básico da grande população de equideos, à época, era a alfafa. E não se importava da Argentina, a produção da alfafa “crioula” era local, próxima aos quartéis, principalmente na região das Missões. Isso era uma realidade em tempos em que não havia ainda amplo conhecimento sobre alumínio trocável, correção do solo com calcário, análise de solo, adubação com boro e enxofre, disponibilidade de inoculante de Rhizobium, semente peletizada, etc.
De acordo com informações do Engº Agrº Igor Quirrenbach de Carvalho, da Fundação ABC, Castro, PR, há registro de rendimento anual, em nove cortes, de 19.800 kg de MS/ha em alfafal da região. Entretanto, segundo o Igor, o cultivo é ainda pouco difundido, principalmente pelo motivo de ser uma cultura permanente, o que dificulta a maximização da produção leiteira por unidade de área, considerando-se o rendimento médio das cultivares de alfafa existentes no mercado, em comparação com a produtividade da dobradinha milho/azevém.
Naquela região do Paraná, as propriedades leiteiras são relativamente pequenas, porém, com alta lotação animal, o que demanda práticas de intensa ocupação do solo para a produção forrageira. Nesse sentido, a rotação milho/azevém anual permite a colheita de 20 t MS/ha de milho, na forma de silagem, no verão, e, na mesma área, no inverno, mais umas seis toneladas de MS de azevém (pastejo e/ou silagem pré-secada).
Especialmente nos sistemas em confinamento da referida região, essa alta produção forrageira por hectare viabiliza um rendimento que pode alcançar 30.000 litros de leite/ha, o que é difícil de ser superado em qualquer outra região do planeta.
Enfim, a causa da limitada utilização da alfafa no Brasil, especialmente no forrageamento da vaca leiteira de maior produtividade, provavelmente seja multifatorial: faltam cultivares mais produtivas e adaptadas aos diferentes tipos de solo e respectivas sementes, desconhecimento das práticas mais adequadas de cultivo, de controle de pragas e inços, de manejo de corte ou pastejo, a questão da polinização na produção de semente, limitação de área, dispêndio com correção de solo, disponibilidade de maquinário apropriado, irrigação, etc.
Entretanto, cabe questionar se essas limitações são razões suficientes para abrir-se mão dessa forrageira de excepcional qualidade para a vaca leiteira, já que o clima não é o grande empecilho e a produtividade potencial é considerável.
Talvez, uma discussão aqui neste foro possa trazer mais contribuições, para o melhor entendimento da questão.
Isso é a teoria que se aprende nos cursos de forragicultura, mas, na prática brasileira da alimentação do gado leiteiro, a alfafa ainda não teve muita chance, apesar de ser um ingrediente de grande valor nas dietas para altas produções leiteiras.
Essa forrageira apresenta alto teor de proteina, minerais e vitaminas, estimula o consumo, em razão de sua palatabilidade e da fibra de alta digestibilidade (baixos teores de FDA e FDN) e propicia a regulação do pH, através de uma peculiar ação intrínseca de tamponamento no rúmen.
Especialmente na fase mais crítica do pós-parto, com balanço energético negativo, a ingestão de, pelo menos, uns dois kg de matéria seca de alfafa, seja na forma fresca, feno ou silagem, ajuda em muito, evitando o uso excessivo de bicarbonato de sódio na dieta .
Pode-se afirmar que, para a vaca leiteira, a alfafa é uma espécie de “concentrado verde” e não é por nada que tornou-se ingrediente indispensável nos famigerados torneios leiteiros. Todo o nutricionista gostaria de poder incluir um feno de alfafa da melhor qualidade nas dietas para os picos de lactação mais desafiadores, mantendo um rúmen saudável e uma vaca produtiva.
Nos rebanhos leiteiros dos EUA, juntamente com a silagem de milho, a alfafa, na forma de silagem, feno ou forragem verde, constitui-se em volumoso de excelência, em função de uma relação custo/benefício que a torna amplamente utilizável naquele país. Apesar de não produzir no inverno das regiões frias do hemisfério norte, a alfafa entra em rotação com a cultura do milho, tornando-se importante sob esse aspecto e como fonte de proteina e fibra funcional para a alimentação animal.
Nos EUA o valor da produção de feno de alfafa alcançou, em 2011, 10,6 bilhões de dólares, apesar de boa parte dos cultivos ser conservada na forma de silagem, ou pastejada, ou fornecida no cocho na forma fresca. Na comercialização, um feno de alfafa de qualidade “bom” seria o do tipo 20-30-40, ou seja, com teores de 20% de proteina bruta (PB), 30% de fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e 40% de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), na matéria seca (MS).
No Brasil, associa-se a alfafa ao forrageamento de cavalos de esporte, onde o custo de alimentação não é tão relevante, enquanto que, para a vaca leiteira, a alfafa ainda é rara e cara, parecendo ser uma cultura que não está conseguindo “pegar” para tal fim. Isso não deixa de ser uma incongruência, já que, para a produção leiteira, existe uma grande necessidade de produzir forrageiras de melhor qualidade.
Segundo a EMBRAPA: "Mundialmente, a cultura da alfafa é mais freqüente nas regiões de clima temperado, onde cobre área estimada em mais de 32 milhões de hectares (ha), distribuída da seguinte maneira: no hemisfério Norte, Estados Unidos com 10.500.000 ha é a maior produção mundial, seguidos pela ex-União Soviética, com 3.300.000 ha, pelo Canadá, com 2.500.000 ha, e pela Itália, com 1.300.000 ha”.
No hemisfério Sul, o maior produtor e o segundo em nível mundial é a Argentina, atualmente, com cerca de 6.000.000 de ha, seguida pela África do Sul, com 300.000 ha, e pelo Peru, com 120.000 ha.
Ainda, de acordo com o texto da Embrapa, “a alfafa foi introduzida no Rio Grande do Sul, a partir do Uruguai e da Argentina, apresentando no País área de, apenas, 26.000 ha, o que não condiz com sua nobreza como planta forrageira. Nesse aspecto, dentre os fatores que ainda dificultam sua expansão, destaca-se o pouco conhecimento, por parte de produtores, das exigências da cultura quanto à fertilidade do solo, do manejo, e das práticas de irrigação, e principalmente a limitada produção de sementes e a inexistência de cultivares adaptadas às principais pragas e doenças, que acompanham a alfafa em todo o mundo.
Apesar de ser uma das forrageiras mais difundidas em países de clima temperado, recentemente, a alfafa tem sido cultivada com sucesso em ambientes tropicais. No Brasil, até 1968, o Rio Grande do Sul respondia por mais de 70% da área cultivada com alfafa, pelo fato de as condições climáticas serem mais favoráveis às cultivares da época. Porém, atualmente, verifica-se aumento da área plantada com alfafa nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, em função da crescente implantação de sistemas intensivos de produção com bovinos de leite, o que, conseqüentemente, tem aumentado a demanda por alimentos de alto valor nutritivo.
Por sua vez, diversos trabalhos com alfafa, conduzidos por instituições de pesquisa na região Sudeste, principalmente pela Embrapa (Embrapa Gado de Leite, Coronel Pacheco, MG, e Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP), mostraram que essa planta pode produzir até 20 t de matéria seca/ha/ano, com média de teor de proteína de 25%, que possibilita média de produção de 54 kg de leite/ha/dia, quando utilizada exclusivamente sob pastejo direto, sem adição de concentrados.
Embora essas informações evidenciem o alto potencial forrageiro da alfafa no Brasil, o sucesso dessa cultura depende de outros fatores, que vão desde a escolha da cultivar mais adaptada à região até a adoção de práticas agrícolas que permitam seu estabelecimento e sua persistência, aumentem a produção e melhorem a qualidade da forragem."
Segundo o que consta no link: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/659643/1/Documentos88.pdf
“Um dos obstáculos à expansão da cultura da alfafa no Brasil é a pequena disponibilidade de cultivares adaptadas aos trópicos. A criação de novas cultivares, com essa característica, possibilitará o seu cultivo em diferentes regiões brasileiras, com consequente incremento da produção de forragem de alto valor nutricional.
Atualmente, a Crioula é a única variedade cultivada no Brasil, com boa adaptabilidade e boa estabilidade na região centro-sul. Avanço significativo para viabilizar o cultivo de alfafa nos trópicos será a incorporação ao mercado nacional de variedades resistentes ao glifosato. A incorporação dessa tecnologia ao sistema de produção ampliará o espectro de controle de plantas daninhas e permitirá a utilização de um herbicida de baixo impacto ambiental.”
Então, repetindo: uns seis milhões de hectares de alfafais na Argentina! Em comparação, a área cultivada no Brasil é simplesmente ridícula; atualmente, no RS, apenas uns seis mil hectares. Por que será? Na Região Sul, como de resto no Brasil, a área teria que ser maior, pois a alfafa apresenta uma ampla capacidade de adaptação nos mais variados climas.
Acontece que a grande difusão da alfafa na Argentina, por exemplo, é fruto de mais de 40 anos de pesquisas do INTA no desenvolvimento contínuo de novas variedades, algo que também deveria estar acontecendo no Brasil. Há que se considerar as condições de solos profundos disponíveis na pampa argentina, com sua topografia plana, que são muito favoráveis ao seu cultivo, com registros de produção anual de até 26 t de MS/ha.
Nos EUA, com mais de dez milhões de hectares de alfafa, a pesquisa também não pára, envolvendo empresas públicas e privadas e universidades, atualmente buscando-se variedades com baixos teores de lignina, mais tolerantes às pragas, espécies de Rhizobium que vinguem em solos ácidos com alumínio trocável, cultivares adaptadas a solos salinos, etc., enquanto que a Monsanto obteve, em 2005, a liberação pelo FDA para o plantio da alfafa geneticamente modificada, resistente ao seu herbicida glifosato.
A alfafa requer solos bem drenados, que permitam a penetração de suas raízes até, pelo menos, um metro de profundidade e que tenham correção para um pH superior a 5. Na semeadura o preparo da cama é fundamental, com o solo bem destorroado sem, no entanto, estar excessivamente pulverizado, mas bem nivelado para o correto aprofundamento da semente (0,5 a 1,5 cm).
Um alfafal apresenta-se, após alguns anos, com significativa melhoria das propriedades físicas e químicas do solo, destacando-se o enriquecimento em nitrogênio pela ação simbiótica do rizóbio nas raízes.
Uma curiosidade da época de minha juventude (já faz tempo): lembro-me do 7 de Setembro, quando, por ocasião do desfile militar, as ruas do centro de minha terra natal (Ijuí, RS) ficavam atulhadas de bosta de cavalo Percheron, usado na tração do equipamento de artilharia. Nos muitos quartéis locados ao longo da fronteira com a Argentina, o alimento básico da grande população de equideos, à época, era a alfafa. E não se importava da Argentina, a produção da alfafa “crioula” era local, próxima aos quartéis, principalmente na região das Missões. Isso era uma realidade em tempos em que não havia ainda amplo conhecimento sobre alumínio trocável, correção do solo com calcário, análise de solo, adubação com boro e enxofre, disponibilidade de inoculante de Rhizobium, semente peletizada, etc.
De acordo com informações do Engº Agrº Igor Quirrenbach de Carvalho, da Fundação ABC, Castro, PR, há registro de rendimento anual, em nove cortes, de 19.800 kg de MS/ha em alfafal da região. Entretanto, segundo o Igor, o cultivo é ainda pouco difundido, principalmente pelo motivo de ser uma cultura permanente, o que dificulta a maximização da produção leiteira por unidade de área, considerando-se o rendimento médio das cultivares de alfafa existentes no mercado, em comparação com a produtividade da dobradinha milho/azevém.
Naquela região do Paraná, as propriedades leiteiras são relativamente pequenas, porém, com alta lotação animal, o que demanda práticas de intensa ocupação do solo para a produção forrageira. Nesse sentido, a rotação milho/azevém anual permite a colheita de 20 t MS/ha de milho, na forma de silagem, no verão, e, na mesma área, no inverno, mais umas seis toneladas de MS de azevém (pastejo e/ou silagem pré-secada).
Especialmente nos sistemas em confinamento da referida região, essa alta produção forrageira por hectare viabiliza um rendimento que pode alcançar 30.000 litros de leite/ha, o que é difícil de ser superado em qualquer outra região do planeta.
Enfim, a causa da limitada utilização da alfafa no Brasil, especialmente no forrageamento da vaca leiteira de maior produtividade, provavelmente seja multifatorial: faltam cultivares mais produtivas e adaptadas aos diferentes tipos de solo e respectivas sementes, desconhecimento das práticas mais adequadas de cultivo, de controle de pragas e inços, de manejo de corte ou pastejo, a questão da polinização na produção de semente, limitação de área, dispêndio com correção de solo, disponibilidade de maquinário apropriado, irrigação, etc.
Entretanto, cabe questionar se essas limitações são razões suficientes para abrir-se mão dessa forrageira de excepcional qualidade para a vaca leiteira, já que o clima não é o grande empecilho e a produtividade potencial é considerável.
Talvez, uma discussão aqui neste foro possa trazer mais contribuições, para o melhor entendimento da questão.
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